sábado, 10 de setembro de 2011

Professora converte ao Islã


A professora Priscilla, convertida há quatro anos, continua pintando os cabelos - que às vezes ficam sob o véu
Dia a dia
Neste ano, Pamela viveu seu primeiro Ramadã, mês em que o fiel deve fazer jejum da alvorada ao pôr do sol. “Não foi fácil. Como minha família não é muçulmana, tive que cozinhar sem colocar comida na boca”, conta. “Minha mãe é evangélica, achou absurdo ficar sem comer. Meu filho compreendeu melhor.”

Alexsandra adaptou sua rotina de orações à vida profissional. “Se você trabalha num local onde não é possível praticar a oração, você faz três vezes, por exemplo. Quem pode, faz as cinco. Nada que te prejudique na sua vida pessoal”, diz a comerciante. Na mesquita que ela frequenta, em São Paulo, a maioria é de muçulmanos de origem libanesa. “Os sermões e as orações são em árabe, com tradutor. Mas é bom praticar no seu idioma. Tem que saber o que está falando”, diz. Em comunidades com muitos convertidos, há orações e aulas sobre Islã diretamente em português. A professora Priscilla Pavan Manso, 28 anos, converteu-se há 4 anos. Desde os 12 anos ela pinta os cabelos, e não deixou de fazê-lo depois da conversão. “Como brasileira, eu falo alto. Na cultura árabe, mulher tem que falar baixo, mas religião não se confunde com personalidade”, afirma Priscilla. “Tenho amigos muçulmanos que saem comigo para passear, jantar, ir no shopping. Eu não mudei.” Apesar de não beber e não comer carne de porco, ela não deixa de sair com os amigos de antes da conversão. “A religião não pode te afastar das pessoas. Meu noivo não é muçulmano, e eu o conheci concomitantemente com a religião. Ele respeita e concordou em noivar comigo diante do sheik, mesmo sendo católico.” Mas como acontece com quase todo convertido, é preciso lidar com preconceitos. “As pessoas fazem piadinhas: dizem que sou mulher-bomba, que eu vou apanhar de marido, ser a quarta mulher do meu esposo. Mas se fosse uma religião opressora, eu não conseguiria tocar minha vida.”
Roupas
Priscila também prefere não usar o véu diariamente. “Quando apareci com o véu em casa, minha mãe quase arrancou. Meu sheik diz que é quando eu sentir que meu coração está preparado. Uso a bata e os véus na hora das orações”, diz.
Como Priscila, Pamela também evita a discriminação da família e das clientes usando o hijab – o véu muçulmano – apenas na mesquita. Em seu primeiro ano seguindo as novas regras, ela ainda teme o verão: as roupas, que já eram discretas, passaram a cobrir o corpo um pouquinho mais. “Eu fico pedindo a Deus que me dê força para aguentar calor nesse verão. Até agora, foi tranquilo.” Já Alexsandra transformou a adaptação em negócio - vende hijabs, está importando a abaya, vestido típico para o dia a dia, e deve trazer em breve “burquínis”, para praia e piscina. “As mulheres não usavam aqui por não achar, mas agora está mais fácil”, diz. A forma de cobrir o corpo e os cabelos não é determinada pelo Alcorão, livro sagrado do Islã. No dia a dia, Alexsandra é prática: usa jeans, saias e blusas de manga comprida, como camisas. “Apesar das muçulmanas terem suas vestes estereotipadas, o Islã não determinou um corte, um estilo ou uma cor específica. Desde que a mulher cumpra a lei alcorânica, qualquer coisa é válida”, afirma a tradutora Marcela Tieppo, 20 anos, que mantém desde 2009 o blog A Mulher no Islam. Quando foi tirar a foto 3x4, para o RG, o funcionário disse que Alexsandra não podia usar o lenço. “Eu perguntei se as freiras tiravam, e acabaram permitindo”, lembra. “Hoje já se adota a prática de levar um certificado de que você realmente é muçulmano. As pessoas às vezes olham torto e hostilizam. Mas isso acontece com qualquer um que seja diferente.”

Fonte: Portal IG Notícias: Verônica Mambrini, iG São Paulo | 10/09/2011 06:05

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